terça-feira

Biblioteca Municipal do Seixal - Programa Bibliodomus

Bibliodomus chegará a 80 pessoas no final do ano

No "final do ano" o programa Bibliodomus - Biblioteca em casa "abrangerá 80 pessoas", número que se prevê ascender às "140 em 2007", conta Vera Silva, chefe de divisão de arquivo da Biblioteca Municipal do Seixal. O programa consiste num "serviço de empréstimo e devolução ao domicílio de livros, CDs e DVDs da Bilioteca para munícipes com dificuldades acrescidas", explica.

Actualmente em fase piloto, o Bibliodomus contempla "doze utentes" do concelho do Seixal de "vários estratos etários, com deficiências várias e com diferentes níveis de ensino", decorrendo hoje e amanhã novas entregas domiciliárias, esclarece Vera Silva. O serviço, que se destina a "qualquer pessoa com dificuldades permanentes ou temporárias de deslocação", será "avaliado depois do verão", entrando em funcionamento no final do ano.

Além do serviço de entrega e recolha de livros e outros suportes, estes leitores domiciliários podem beneficiar também do "Serviço de Informação à Comunidade" (SIC) que "fornece informação vária que estes utentes necessitem para o seu quotidiano e que têm dificuldade em encontrar", conta a chefe de divisão de arquivo da biblioteca. Admite ainda que "uma vez no terreno terão mais pessoas a solicitar o serviço do que a sua capacidade de resposta permite", daí que considere também importante o "desenvolver parcerias".

Vera Silva acredita que "mais tarde o projecto pode vir a ter também outros objectivos", como a "leitura acompanhada, parceria com escolas, estágios ou voluntariado". A chefe de divisão de arquivo não tem dúvidas da "importância deste projecto para o subgrupo do concelho do Seixal com problemas de mobilidade", até porque a biblioteca "destina-se a todos sem distinção e não deve ser uma questão de saúde a alterar isso". Importante era também que este projecto "migrasse para outras zonas do país", mesmo enquanto forma de "combater o isolamento das pessoas", conclui.

Uma vez concluída a fase piloto, os interessados em aderir ao serviço poderão preencher um inquérito na página da Câmara Municipal do Seixal, passando outras formas de divulgação pelo Boletim Municipal, os órgãos de comunicação social e o Gabinete de Acção Social da Câmara, cujos técnicos "ajudarão a decidir sobre os casos mais prioritários", nota Vera Silva.

In Setúbal na Rede - 26-06-2006


Biblioteca municipal entrega livros ao domicílio

Laurinda gostava de «ler qualquer coisa do António Lobo Antunes» e Vera Silva, chefe de Divisão da Biblioteca Municipal do Seixal, escolheu o «Terceiro livro de crónicas» do autor português para emprestar à idosa de 77 anos. Sem ter tido a hipótese de estudar e com um filho deficiente a cargo, Laurinda Pereira gosta de «leitura realista e expressiva». Em 15 dias leu o primeiro volume de «O tempo e o vento», de Eurico Veríssimo, e enquanto recebe novos livros e filmes para ver, vai comentando a experiência de ter funcionários da biblioteca em casa.


«Eu não tenho tempo para ir à biblioteca requisitar. Tenho o Vítor para tratar, a casa e um neto que vive comigo», conta. O projecto-piloto da Bibliodomus arrancou ontem e abrange 12 utentes com dificuldades de mobilidade indicados pelo Gabinete de Acção Social da Câmara do Seixal, em parceria com as associações de reformados e instituições da área da deficiência. Ontem, a casa de Laurinda Pereira, em Belverde, encheu-se de técnicos e jornalistas. «Quer continuar com o fado?», pergunta Vera Silva, segurando na mão dois CD. «Sim, gosto de ouvir música baixinho e ler. Saboreio melhor», confessa.

A viagem prossegue até Foros de Amora, onde vivem Mário, 85 anos, e Floripes Silva, 83 anos. As leituras não correram bem, até porque os olhos cansados não ajudam a focar as letras. «Mas houve uma cassete que gostei bastante. 'A Rosa do Adro'. Adorei!», garante Mário, contanto, com visível ironia, que a primeira vez que entrou numa escola foi aos 45 anos para fazer o exame da 4ª classe. «Olhe Sr. Mário, trouxe-lhe o Zé do Telhado», diz Vera Silva, deixando o idoso satisfeito. A chefe de Divisão da Biblioteca anota as preferências do casal e revela que em breve haverá voluntários para ler os livros em voz alta a quem tem dificuldades de visão. Entretanto, escreve na ficha que Mário Silva prefere filmes mudos, mas fáceis de entender.

Apesar da idade e da cadeira de rodas, Floripes segura um livro de Aquilino Ribeiro e esforça-se para ler. Sentado no terraço, o casal despede-se do grupo e promete ver todos os filmes. Dentro de 15 dias uma equipa municipal vai levantar os empréstimos e entregar outros. «Esta iniciativa pretende combater a exclusão social. Nestas visitas, as pessoas falam connosco sobre a sua vida», contam Isabel Alves e Ana Cecília Lopes, da Acção Social.

In Jornal de Notícias - 27-06-2006

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