quarta-feira

Conversas de biblioteca I

Hoje uma colega que estava de serviço na sala de leitura, mas que maioritariamente desempenha outro tipo de funções, foi abordada por uma leitora habitual da biblioteca que com um ar espantado lhe pergunta:

- Também faz este tipo de trabalho?!?
Ao que a minha colega responde: - Sim claro, todos nós fazemos atendimento ao público numa base regular!
- Pois... Mas é que este é um tipo de trabalho menor! - Justifica a leitora habitual.
- Olhe que não! Esta é uma das funções mais importantes da biblioteca! - Responde a minha colega.

Mas o que será preciso fazer para as pessoas (leitores e também alguns colegas!!) perceberem que o trabalho na sala de leitura e de uma forma geral todo o trabalho de atendimento ao público é essencial. Esta aversão ao trabalho com o público demonstra algum atraso social e por vezes também profissional.

Recordo-me de em 2003 ter assistido a um workshop sobre a formação na nossa área e de uma professora de um CECD ter tido que desconfiava dos candidatos que diziam que tinha vindo para o curso porque gostavam muito de livros... ela dizia que preferia que lhe dissessem que gostavam de pessoas!
Por alguma razão desde há muito séculos ficamos com a pesada imagem profissional que temos!

14 comentários:

Anónimo disse...

É curioso que essa observação venha de onde vem e de quem vem. Bem prega Frei Tomás: Faz o que ele diz não faças o que ele faz!

Bruno Duarte Eiras disse...

Boa tarde anónimo,
Seja muito bem vindo a este espaço.
Mas da próxima vez não se esqueça de assinar, assim a conversa tem muito mais piada.

Anónimo disse...

Para piada já bem basta o post...
Mas obrigado pelas boas vindas!

Bruno Duarte Eiras disse...

Serás sempre bem vinda. Ainda assim faltou assinar...

Anónimo disse...

O mais grave é que temos colegas em bibliotecas (com obrigações patrimoniais, nacionais) que acham que o trabalho de atendimento ao público é um trabalho secundário, e até desprestigiante!
Isso é que é muito grave...
(Eu assino)

Bruno Duarte Eiras disse...

Obrigado pela "assinatura",
Infelizmente como diz a anónima em cima ainda existem demasiados Frei Tomás... No fundo a professora que refiro no post é que tem razão "gostar mais de livros do que de pessoas" não dá bom resultado.
Vai dando notícias.

Anónimo disse...

Acabo de descobrir este espaço e logo encontro uma discussão interessante!
A questão do atendimento nas bibliotecas e os problemas levantados pela diferença entre a teoria e a prática na organização interna da instituição não é nova. Sempre se achou que o atendimento constitui uma faceta importante das bibliotecas, mas muitas vezes quem o faz não é da mesma opinião e limita-se a reproduzir uma opinião socialmente aceite; como parece ser o caso dada a analogia do frei tomás. Pela minha experiência, que já não é pequena, posso dizer que para além de profissionais sem noção da verdadeira missão da biblioteca/bibliotecário e muitas vezes também se formação, junta-se o desfasamento entre a biblioteca real e a que decorre das tarefas a cumprir. Nestes casos quase sempre surgem tensões quando a gestão de pessoas, serviços e actividades não é correctamente planeada. Pelo que vi aqui, e desculpem-me a ousadia porque acabei de chegar, a questão ainda é sensível, já que pelo que me apercebo o bruno eiras identificou a pessoa que comentou apesar de se ter dado como anónima... atitude que não deixa de ser sintomática.
Peço desculpa pela extensão do texto mas alguns anos de experiência levam a isto.
Parabéns pela criação deste espaço; os documentos disponíveis são especialmente úteis, ainda que parcelares.

Bruno Duarte Eiras disse...

Boa noite Elisabete,
A extensão da sua resposta foi compensada pela referência a um amplo conjunto de razões que levam às situações descritas e aos preconceitos relacionados com o atendimento.
Quanto aos textos disponíveis na secção documentos eles reflectem alguns dos meus interesses profissionais, não podendo por isso ser universalistas.
Aproveito também para agradecer a sua visita e o seu comentário.

Ralg disse...

Caro Bruno,

Pensei muito antes de colocar este texto. Quem me conhece sabe que não sou adepto de caixas de comentários... Quero, no entanto expressar-te a minha solidariedade pessoal. O ataque aqui reproduzido é desleal, cobarde e injustto. Sei que não precisavas das minhas palavras; precisava eu.

MCA disse...

Quanto aos ataques pessoais, nem comento. Começo por agradecer a visita à Biblioteca de Jacinto. Quanto ao que dizes, não podia estar mais de acordo. O contacto com os utilizadores não é só importante, é indispensável. A ausência de contacto com o público dá em situações como a identiicada pela colega Susana Carinhas, que acontecem demasiado em bibliotecas sem missão de leitura pública, mais dirigidas à investigação. Os técnicos superiores permanecem arredados do público, nos seus gabinetes, e os utilizadores também não sentem que seja uma mais valia contactar com os técnicos. Também é muito mais simples impôr regras impopulares quando não se tem de as dizer directamente aos utilizadores... E os utilizadores têm mais diiculdade em compreender certas regras necessárias em bibliotecas patrimoniais porque ninguém lhes explica as razões. Não é o caso do meu local de trabalho em particular, onde o contacto com os utilizadores é constante, mas sei que isso acontece mais do que seria desejável.

Bruno Duarte Eiras disse...

Olá, Maria Clara
Agradeço também a visita a este espaço.
Quanto às questões do atendimento que mais dizer... é importante, essencial de base! Pessoalmente não imagino uma biblioteca sem leitores e consequentemente sem um atendimento qualificado. Adaptando o lema da Luísa Alvim "Viva as bibliotecas vivas"!

MCA disse...

Uma biblioteca sem leitores é como um jardim sem flores! :-D

Bruno Duarte Eiras disse...

Nesse caso queremos muitas, muitas flores!!

Anónimo disse...

Isso por ai anda mau! Até já se fazem comentários anónimos com ataques. Não sei quem é mas estou com o/a Ralg, as situações resolvem-se em frente a frente.