quarta-feira

Man Booker Prize 2007 para Anne Enright

O Man Booker Prize 2007 foi atribuído à escritora Anne Enright pelo seu romance The Gathering. Anne foi a segunda irlandesa a receber o galardão mais importante no Reino Unido nesta área.

"Eu queria escrever sobre o que aconteceu em casa da minha avó naquele Verão dos meus oito ou nove anos, mas não tenho a certeza de que aquilo tenha realmente acontecido". É assim que começa The Gathering, o romance da escritora irlandesa Anne Enright a quem ontem à noite foi atribuído o Man Booker Prize 2007 no valor de 50 mil libras (72 mil euros). Ela é a segunda mulher irlandesa a ter o prémio, depois de Iris Murdoch, Roddy Doyle e John Banville o terem recebido em 1978, 1993 e 2005.

Sobre o seu livro, Anne Enright, de 45 anos, disse recentemente que é "um verdadeiro weepie [filme que faz chorar] - o equivalente intelectual a um filme de Hollywood" e que se as pessoas querem ler um livro que as ponha bem-dispostas então este não é o livro certo. The Gathering conta a história de uma família irlandesa disfuncional.

Enright estudou Escrita Criativa com Malcolm Bradbury e Angela Carter na Universidade de East Anglia e durante seis anos foi produtora e realizadora de televisão. Quando soube que o seu livro tinha sido o preferido, disse aos jornalistas que "estava preparada para qualquer coisa, provavelmente qualquer coisa, excepto isto".

Umas horas antes do anúncio do prémio em Londres, os seis autores que faziam parte da lista de finalistas do Man Booker Prize 2007 encontraram-se na livraria Hatchards, em Piccadilly, para tirar um retrato de família. Do grupo faziam parte Nicola Barker (escreveu Darkmans), Mohsin Hamid (O Fundamentalista Relutante, publicado na Civilização), Lloyd Jones (Mr Pip, Editorial Estampa), Ian McEwan (Na Praia de Chesil, Gradiva, considerado o favorito) e Indra Sinha (Animal"s People). Cada um vai receber 2500 libras (3589 euros).

The Gathering é uma saga familiar, mas também "uma história sexual que traça a linha entre a mágoa e a redenção através de três gerações", lê-se na badana. É uma "história de amor e desilusão" e onde se percebe "como o nosso destino está escrito no nosso corpo e não nas estrelas". Uma mulher, Veronica, após o suicídio do irmão, revisita a história da sua família (álcool, abuso sexual de crianças são temas).

Este é o quarto romance de Anne Enright (um dos anteriores, O Prazer de Elisa Lynch, está publicado na Teorema). O júri acha o romance "muito forte, desconfortável e às vezes até agastado" e considerou Enright "uma romancista impressionante", de quem esperam "se venha a falar cada vez mais". "O final do livro é brilhante. As últimas frases encontram-se entre as melhores que já li", disse o presidente do júri, Howard Davies (director da London School of Economics and Political Science), constituído por Wendy Cope (poeta), Giles Foden (jornalista e autor), Ruth Scurr (biógrafa e crítica) e Imogen Stubbs (actriz e escritora).

O Booker Prize distingue a melhor obra de ficção editada em 2006 por um autor do Reino Unido, da República da Irlanda e dos países da Commonwealth. Costuma ser dito que tem o poder de transformar as fortunas dos autores e a sua vida. Kiran Desai, a quem o prémio foi atribuído em 2006 pelo seu primeiro romance, A Herança do Vazio (Porto Editora), vendeu 100 mil cópias em edição hardback (de capa dura) só no Reino Unido, seis meses depois de o receber.

Fonte e imagem: Público

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