"Quando, na minha adolescência, eu tinha uma grande sede de cultura e nenhuns recursos materiais para adquirir livros, a Biblioteca Pública de Belém do Pará (Brasil) foi-me imensamente útil.
Mais tarde, pensando que outros poderiam vir a encontrar-se nas mesmas dificuldades em que eu me encontrava então, tornei-me tanto quanto possível um fomentador de bibliotecas.
Assim, quando em 1970 e 1971, me concederam em França dois prémios literários, decidi imediatamente, decidi romanticamente pois não sou rico, edificar uma biblioteca em Ossela, ao seu povo destinada.
Está pronta. Pronta a funcionar entre pâmpanos da minha aldeia natal, nestes dias já a acobrearem-se numa suave melancolia, em todo o caso mais ditosos do que eu, pois se o Outono deles começa agora, o meu está no seu fim.
Pretendia doar essa biblioteca e todo o seu recheio ao Município de Oliveira de Azeméis representado pela sua Câmara, para que esta e as que lhe sucederem a conservassem e a mantivessem ao serviço dos habitantes de Ossela e também de outras localidades a quem ela pudesse eventualmente ser útil, se, para o efeito, os interessados ali fossem."
Excerto da carta em que Ferreira de Castro faz a doação da sua biblioteca pessoal e da biblioteca que mandou construir para a instalar.
Imagem: Centro de Estudos Ferreira de Castro
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