Caetano Veloso - Livros (1998)
Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pr'a a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.
Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.
Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pr'a fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou o que é muito pior por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:
Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pr'a mim foste a estrela entre as estrelas.
Há 1 ano
4 comentários:
Parabéns! Que bonita homenagem aos livros, com esta canção /poema de Caetano Veloso e que dá nome ao álbum. Gosto muito desta música, desde que a ouvi no concerto que ele deu na praço Sony da Expo 98.
Define tudo o que os livros são e podem ser: cumplices companheiros de todos os momentos.
Bjs
AAG
Olá, Ana
Não queria deixar passar este dia sempre fazer referência a esta música do Caetano Veloso; uma das minhas favoritas.
E que boa reunião: música e livros!
Bjs
Boa noite, Antero Neto
Tendo em conta o assunto do seu comentário enviei-lhe um e-mail. Suponho que o tenha recebido?!
Cumprimentos,
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