sexta-feira

Tantos livros e tão pouco tempo

No passado dia 22 de Janeiro a Casa Fernando Pessoa promoveu um debate com Bárbara Bulhosa, Francisco José Viegas e Vasco Graça Moura, a propósito da edição do livro "Livros de mais - ler e publicar na Era da Abundância", da autoria do poeta mexicano Gabriel Zaid.

Nunca se publicou tanto como actualmente. De tal forma que alguns autores começam a chamar a esta excitação editorial como o pesadelo de Gutenberg.
Para ficarmos como uma ideia aqui ficam alguns números:
1 milhão de títulos por ano
1 livro publicado a cada 30 segundos

Para uma (já habitual) excelente apresentação desta livro sugiro a leitura do texto de José Mário Silva, publicado no suplemento Actual do Expresso) e do qual aqui deixo um excerto:

"Zaid não esconde a dificuldade de conseguir, no caos de um mundo de papel em expansão, o necessário «encontro feliz» entre o leitor e o seu livro. Necessário porque é só quando esse «encontro» acontece que se cumpre o ideal socrático da cultura enquanto «conversação», iluminada pelas «constelações» de sentido que só os livros sabem e podem oferecer-nos."

Como para não variar, não consegui estar presente (apesar da encontro agendado com a Cláudia e o Pedro, aqui ficam as desculpas públicas), deixo aqui a referência a esta obra que parece fazer alguma luz sobre a embrenhado mercado editorial.

1 comentário:

Ana Arnold Guerreiro disse...

Talvez este pesadelo de Gutenberg se deva à crescente necessidade de protagonismo a que Andy Warhol já se referia: os 15 minutos de fama. Afirmar a individualidade e destacar-se da população anónima. E deste modo, ao ser-se publicado obtem-se um caracter menos efémero, mais prestigiante, uma vez que os livros ainda têm a carga simbólica de materializações do intelecto.